por Carolina Meyer
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Para muita gente, a décima edição do Big Brother vai ficar marcada como a que consagrou o politicamente incorreto Marcelo Dourado, jogador reincidente que, graças às suas pérolas, acabou colocando a Globo numa baita saia justa com o Ministério da Saúde (a ponto de a emissora ter de veicular um comunicado esclarecendo as formas de transmissão da aids durante a final, na terça-feira).
Mas a edição foi muito mais interessante do que isso — sobretudo para as empresas que costumam usar o Big Brother como vitrine de marketing. Algumas das ações planejadas pelos executivos não surtiram nem de longe o efeito planejado. Em alguns casos, o resultado foi exatamente o contrário.
Vejam o que aconteceu com a Ambev, um dos tradicionais anunciantes do programa. Para promover o Guaraná Antarctica, a empresa criou um jogo segundo o qual os participantes deveriam beber uma quantidade de copos do refrigerante determinada pelo arremesso de um dado gigante.
Tamanho era o investimento em imagem que até o craque Ronaldo participou do quadro, como juiz.
Pois alguns dos participantes simplesmente se recusaram a terminar o jogo, e não esconderam o mal-estar que sentiram ao ingerir três ou quatro copos do Guaraná.
Ou seja. A Ambev pagou uma nota para ter seu produto detonado em rede nacional.
Outra ação que teve resultado inesperado foi a da Honda. A montadora sorteou um de seus maiores sucessos de vendas, a Honda Bizz, entre os participantes da casa. O vencedor foi o Serginho, homossexual assumidíssimo — que tratou de apelidar a motocicleta de “Honda Bicha” (com uma ajudinha do próprio Pedro Bial).
Não que a Honda tenha demonstrado qualquer tipo de preconceito com relação à atitude. Mas certamente não era essa a sua estratégia de comunicação.
Fica, então, a lição para as próximas edições do reality show. Quando se trata de gente, o resultado nunca é assim, preto no branco. Sorte da marca que conseguir lidar com isso de maneira tranqüila. Até porque, a julgar pela enxurrada de empresas que despejam um caminhão de dinheiro no Big Brother todo ano, o risco deve mesmo valer a pena.
Carolina Meyer
Editora de negócios e marketing de Exame, fala de novidades em gestão de marcas e lançamento de produtos. cmeyer@abril.com.br.
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